Na impossibilidade de ler tudo, a gente elege um 'paideuma',
uma espécie de cânone do cânone, núcleo duro do cânone, mas núcleo vivo,
vivificante, vivificador. O meu é Baudelaire, decidi agora. Se a gente tem que
se agarrar a algo para não ser tragado nesse naufrágio que é a vida, vou morrer
agarrado a Baudelaire. Nele está toda a modernidade: as multidões, a
'flânerie', a lucidez do crítico de arte, os paraísos artificiais dos
estupefacientes, a credulidade, o ceticismo, o apelo do outro, seja este o
Oriente ou uma dama crioula, e o 'taedium vitae', o spleen, a náusea
sartreana...
Otto Leopoldo Winck
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