sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Para que o mar não lembre a morte



Ana Claudia da Silva*

Lá estava ela
Caída, morta ao chão
De frente ao mar
Onde desesperadamente tentou chegar

Tão pequena, tão grande
Diante da imensidão daquelas águas
Poderia ser divertido
Brincar, aproveitar o barulho do vento
Construir castelos, catar conchinhas
Mas isso a violência desse mundo não lhe permitia

Olhar o horizonte
Sentir que maravilhoso seria
Se tivesse acesso ao pão e a poesia
Como um grito de libertação
Anunciando a revolução
Decretando o fim da opressão
E o surgimento de um novo mundo

Minha grande-pequena criança
Tá tudo errado!
Não deverias estar sem vida ao chão
Mas sim brincando e sorrindo
Imaginando sereias, baleias e tudo que ao mar rodeia

Como não posso mais te dar colo
Ofereço a minha indignação
E junto dela me somo à tantos outros
Que a barbárie querem banir
E um outro mundo construir
Para que o mar não lembre a morte
Mas sim a vitória, um novo porvir
Para brincar, sonhar e sorrir

* Ana é militante da Esquerda Marxista, professora da rede municipal de Florianópolis e Diretora do Depto. de Educação do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (SINTRASEM).


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