sexta-feira, 4 de setembro de 2015

TRANSEPTO


Como prometi, roubei o fogo
e com minhas mãos de labaredas
te incendeio. Deus está solto, eu o sinto
em minhas veias pulsantes e em teus poros abertos.
E este fogo que acendemos na noite
é sagrado como é sagrado o pão sobre a mesa
e o vinho no cântaro de barro.
Como prometi, roubei o fogo
e agora somos uma sarça ardente
que se ilumina de sua própria luz
e se embebeda de sua própria chama.
A vida é terrível, eu sei,
mas neste instante de ternura e pavor,
em que não cremos em nada,
Deus está vivo
e é ele que dilata nossas pupilas insones
e bombeia nosso sangue pagão.
Como prometi, roubei o fogo
e com ele inauguramos uma aurora boreal,
a mais bela do mundo.

Otto Leopoldo Winck

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