sábado, 9 de agosto de 2014

enquanto a manada se agita ●
● no cruel ritual dos mercados e deuses ●
● perugino prepara sua sopa e sonha ●
● o anjo q vira ●
● do desejo azul e branco ●
● das suas mãos ●
● q agora cortam cebolas ●
● e não sabemos se chora ele ●
● pelo anjo pela manada ou pelas cebolas ●
● mas o certo o certo mesmo ●
● é q perugino prepara sua sopa ●
● e sonha com o anjo azul e brando do desejo ●
● tanta solidão pensa perugino ●
● cortando cebolas sonhando o traço ●
● negro do carvão ●
● q se cobrira do azul e branco ●
● do anjo q perugino sonha ●
● q perugino delira cortando cebolas ●
● enquanto a manada ●
● la fora urra no perverso ritmo ●
● das festas do mercado ●
● perugino termina de cortar cebolas ●
● cruas pra sopa pra sopa de cebolas ●
● e a agua ferve ansiando cebolas cruas ●
● enquanto perugino caminha ate o quadro ●
● inda alvo e com as mãos levantadas ●
● molhadas pelas cebolas cruas ●
● perugino chora perugino delira ●
● perugino sonha traços negros ●
● sobre o alvo onde o delirio se transtornara ●
● no anjo azul e brando ●
● mas perugino ●
● deve terminar a sopa ●
● perugino volta ●
● apanha pedaços crus de cebolas ●
● olha a agua fervente e mistura ●
● manteiga na agua fervente com sal ●
● e fios muito finos dos talos ●
● quase vivos de cebolas cruas ●
● com bocados de queijo forte ●
● e logo depois cebolas cruas ●
● na agua fervente ●
● enquanto não consegue deixar de chorar ●
● de sonhar com o anjo ●
● azul e branco do desejo ●
● odor de sopa de cebolas cruas no ar ●
● enquanto perugino ouve o ganido histerico ●
● das manadas la fora nas ruas nos mercados ●
● e a sopa de cebolas ●
● quase finda requer agora ●
● cascas cruas de cebolas ●
● o q faz perugino rodopiar ●
● desbrotando do delirio ●
● azul e brando do anjo q vira ●
● polvilhando a sopa de cebolas ●
● com cascas cruas de cebolas ●
● perugino diz a si mesmo ●
● o pão ●
● e vai lavar as mãos e a faca ●
● pra logo depois fatiar o volumoso ●
● pão de casca dura ●
● miolo macio e amarelo ●
● pensa perugino enquanto olha a sopa ●
● fervente e sonha o anjo azul e branco ●
● enquanto pergunta pra si mesmo ●
● ?pra q um anjo azul e brando ●
● perugino diz ●
● !é so exaustão e se cala ●
● olhando a sopa borbulhando sobre o fogo ●
● o pão fatiado vermelho e amarelo ●
● sobre a mesa !exaustão repete perugino ●
● !tarde demais continua perugino ●
● enquanto retira do fogo ●
● a sopa borbulhante de cebolas e chora ●
● perugino põe a sopa no prato ●
● pensa no anjo azul e branco ●
● depois do desenho negro de carvão ●
● e com a sopa quente de cebolas ●
● no prato se levanta e vai ●
● ate o quadro alvo preparado antes ●
● pro negro do desenho de carvão ●
● q chamaria o azul e brando ●
● chamaria com o azul e branco ●
● o anjo e perugino ri ●
● ri sozinho dizendo !exaustão desenhando ●
● o negro q chamaria o azul e o brando ●
● do anjo do delirio azul e branco ●
● a sopa esfria enquanto perugino desenha ●
● e depois marca furiosamente o anjo ●
● azul e brando ●
● enquanto a sopa esfria sobre a mesa ●
● e perugino ri perugino chora ●
● vendo o anjo sorri o anjo se pintar ●
● o anjo tremer o anjo desejar ●
● o desejo de perugino ●
● diante dos olhos de perugino ●
● agora cheios de azuis e brancos ●
● mas perugino não descansa um segundo ●
● perugino termina o anjo azul e brando ●
● se distancia e ri ●
● agarra o quadro azul e branco ●
● e com a faca a mesma do pão ●
● perugino fatia o quadro do anjo azul e brando ●
● perugino fatia o anjo ●
● e agora sentado ●
● inda chorando inda rindo ●
● perugino devora o anjo azul e branco ●
● com a sopa fria de cebolas ●
● olhando as fatias ●
● vermelhas e amarelas ●
● do pão sobre a mesa ●
● perugino se sente so e infeliz ●
● mas perugino pela primeira vez ●
● na vida se sente alimentado ●

Alberto Lins Caldas

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