quarta-feira, 2 de setembro de 2015

LEITURAS DEVE SER CHATAS E MAÇANTES?


Por Isabel Furini

Você sabia que antigamente muitos educadores pensavam que leituras, para serem boas, deviam ser chatas e maçantes? Ou difíceis de entender, muito difíceis.
Escutei uma pessoa comentar que ao iniciar o ensino Médio, uma professora o obrigou a ler o Alienista, de Machado de Assis. Seria demais dizer que a turma odiou. O Alienista é maravilhoso para adultos, mas a maioria dos adolescentes não está preparada para essa leitura, eles têm outros interesses.
Na atualidade, existe uma ampla literatura dedicada aos adolescentes, e livros clássicos também, contos leves como aquele “Toc...toc...toc...” de Arthur Azevedo, “Ceia de Natal” de Andrade (esse enfrentamento imaginário entre um peru e a lembrança do morto, além de original é muito divertido), os livros de crônicas de Veríssimo e tantos outros. Os contos de Monteiro Lobato, Júlio Verne, Malba Tahan e outros autores consagrados estão sempre esperando serem abertos para entreter.
Lamentavelmente ainda existem alguns professores (graças a Deus, são minoria) que pensam que ler deve ser chato. Será que eles acham que chatice educa? Vejam que interessante, o escritor Jorge Luiz Borges pensava o contrário. Ele falou em uma entrevista que leitura deve ser algo prazeroso. E o danadinho leu a Ilíada de Homero aos 11 anos de idade!... Você ficou com inveja dele? Pois saiba que eu fiquei com inveja, sim senhor. Quando eu tinha 11 anos, minha mãe ainda me dava contos de fadas e fábulas de Esopo e Samaniego, só li a Ilíada muitos anos depois.
Se nosso objetivo é que as crianças e os adolescentes adquiram o hábito da leitura, devemos nos perguntar o que o ser humano faz sem ser obrigado. Só aquilo que lhe dá prazer. Então, crianças e adolescentes devem sentir prazer na leitura. Leitura prazerosa cativa leitores. E é isso o que queremos, não é verdade? Queremos formar novos leitores.
Crianças amam livros como “O menino Maluquinho” de Ziraldo, “De trote em trote agarrei o velhote” de Mauro Martins, “A Bota do Bode” de Eva Furnari, “A Bolsa Amarela”, de Lígia Bujunga Nunes e tantos outros. Então, se queremos formar bons leitores, tentemos sondar os gostos das crianças e dos adolescentes, pois para cada um existirá um livro capaz de tocar mais profundamente as sensíveis cordas da alma.

Isabel Furini ‎Livros e dicas para novos escritores

30 de agosto às 02:37 ·


Isabel Furini é escritora e poeta autora de O Livro do Escritor.

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