Dorme pequena criança
entre a água e o céu
que a ti foram destinados
por herança ancestral.
O mar que aqui te trouxe
nada sabe de bem ou mal
apenas cumpre a rotina
de calmarias e tempestades
que nada ou ninguém domina
Dorme agora, criança
na certeza da paz dos que não crescem
na inocência que guardaste no olhar
ao ver as tantas gaivotas
que foram as guardiãs
dos teus últimos dias
e das esperanças vãs
dos teus míseros pais
engolidos na saída do cais
Sonha pra sempre, criança
um mundo que não verás
numa terra que não pisarás
num futuro que não te pertence
porque foste sempre estrela
vagando num céu desconhecido
e agora já és pássaro livre
num mundo pesado de dor
em que foste um sopro de amor...
Marisa Schmidt
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