sábado, 16 de agosto de 2014

*sobre a sensação de perseguição imagética:



quem nunca passou por isto? uma pessoa que se aproxima e sonda todos os seus passos e depois age como um arremedo patético e assustador de suas mitologias internas e externas (muitas vezes). no começo você deixa, pois não quer ser possessiva com suas "imagens", já que tudo é reprodução (já disse assim Water Benjamin). então conta seus segredos, suas ideias, suas técnicas, sua trajetória. então a pessoa tenta fazer exatamente como tu contou, sem nenhuma alteração, sem nenhuma intervenção criativa (o que seria saudável, já que ninguém é original, nem o átomo, nem a bactéria). você a vê por aí destrinchando suas coisas e valores como se fossem dela, adicionando seus amigos, blefando com suas cores & flores e tudo que obteve de ti através de uma conversa. esta pessoa usa o que te deixa feliz para tentar alcançar a sua própria felicidade. não gosto de cultivar a sensação de estar sendo roubada. isto é doentio. mas a sensação de perseguição imagética é gritante. é uma ofensa. devo esquecer? devo me sentir péssima por confessar que me incomoda este eco de papagaio? algo realmente nos pertence? é apenas o resultado da alta exposição e compartilhamentos tão comuns em era de rede social? queria não sentir isto, esta sensação invasiva. vivo dizendo que um vampiro só entra em sua casa se você permite. foi pela minha permissão ou é pura "sem-vergonhice" alheia? estou sendo possessiva demais ao me sentir lesada por uma cópia descarada e doentia? to me achando a rainha da cocada preta por ter a petulância de imaginar que alguém está me reproduzindo ("maleporcamente")? aceito conselhos. preciso me livrar deste nó de espelho esquizoide. ou aceito a "collage" ou me recolho à minha própria insignificância egoica. sou normal tendo esta sensação? alguém me acompanha nisto?

Andréia Carvalho Gavita

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