Na Idade Média havia um cigano chamado Florindo, que gostava
de cultivar flores e amava dançar com uma rosa entre os lábios. Ele era viúvo e
tinha uma filha de dois anos de idade chamada Miltônia Brutips.
Um certo dia, a caravana deste cigano montou acampamento
numa vila da Espanha. Então, à noite, os ciganos se apresentaram na aldeia com
música, dança e artesanato. Mas uma rainha má observava tudo, junto com o mago
Oski, da janela do seu castelo. Então esta nobre se apaixonou por Florindo e
mandou traze-lo até o palácio. Quando o rapaz chegou, a rainha disse:
- Parabéns pela dança!
- Além de bailar, o que você gosta de fazer?
O rapaz respondeu:
- Amo cultivar flores e meu sonho sempre foi ser jardineiro.
Assim a nobre falou:
- Então você será meu amante e jardineiro deste castelo.
O rapaz explicou:
- Desculpe, mas não posso aceitar. Pois tenho compromisso
com o meu povo e uma filha para criar.
A mulher má exclamou:
- Se você não aceitar, o mago Oksi jogará um feitiço tão
grande que acabará com o seu povo. Afinal, acredito que você já conheça a fama
deste meu mago poderoso.
Florindo, com medo, respondeu:
- Sim!
- Então, eu aceito.
O rapaz deixou seu povo e Miltônia para trás. Assim
tornou-se jardineiro e namorado da rainha. Mas todas as noites ele rezava para
que Santa Sara trouxesse sua filha de volta.
Dez anos se passaram e, um certo dia, a rainha falou:
- Florindo, arrumei uma nova empregada para ajudar-lhe com
as plantas. Ela é uma jovem menina de doze anos e chama-se Miltônia.
Ao escutar aquele nome, o coração do cigano disparou. Por
isto, ao olhar para sua nova companheira de trabalho, ele precisou conter as
lágrimas. Com o passar do tempo, os dois passaram a conversar e a garota
confessou que foi criada num acampamento cigano, mas que várias pessoas do seu
povo morreram quando foram atacadas por saqueadores no meio da estrada.
Miltônia, também, fazia sucesso no palácio dançando
Flamenco. Até que um dia, ela foi convidada para trabalhar na cozinha e passou
a ser a confeiteira preferida da rainha.
Porém Márcia, a cozinheira rival, ficou com inveja desta
adolescente e medo de perder o emprego. Por isto, matou Miltônia e enterrou o
corpo no jardim. Depois a assassina forjou uma carta de despedida da colega
afirmando que ela tinha fugido com um rapaz. Mas Florindo ao ler a missiva,
notou que era tudo mentira e, também, que havia algo estranho.
O tempo passou e onde Miltônia foi enterrada surgiu uma
orquídea. Desta maneira quando Florindo se aproximou, levou um susto. Pois as
pétalas da flor pareciam um vestido de Flamenco e por dentro havia uma boneca,
feita do próprio vegetal, com as formas e o rosto de sua filha. De repente, a
flor falou:
- Eu sou Miltônia Brutpis e meu corpo está enterrado embaixo
desta mesma planta.
Deste jeito, Florindo pegou uma pá e encontrou o corpo da
filha que estava mumificado. Depois disto, ele batizou a orquídea com o mesma
nome da menina morta.
Realmente existe uma flor chamada Miltônia Brutips que tem o
formato de uma dançarina de Flamenco.
Luciana do Rocio Mallon
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