Nos anos 60 e 70, em Curitiba, havia uma senhora que se
vestia enrolada em plásticos de quatro cores: roxo, branco, preto e cinza. Esta
anciã vendia artesanato no Centro da cidade e sempre estava muito maquiada.
Naquela época, existia uma menina chamada Tereza que ficava
admirando esta figura e prestava atenção em seus discursos moralistas como:
- O mal do mundo é o sexo. Pois a depravação trará uma
doença que acabará com a humanidade.
- A sociedade me despreza porque eu tenho mais de 40 anos de
idade e ainda sou donzela.
- Tem pessoas que nunca serão livres porque sempre serão
escravas dos prazeres da carne.
Sempre quando Tereza fazia bagunça, sua madrasta fazia a
seguinte ameaça:
- Se você não se comportar, levarei você para a Maria do
Plástico Roxo!
Um certo dia, Tereza viu que esta moça do plástico colorido
estava vendendo uma boneca artesanal muito bonita. Assim , a garota perdeu o
medo, chegou perto e perguntou-lhe:
- Quanto custa esta boneca?
A moça respondeu:
- Vinte cruzeiros.
A menina disse:
- Vou comprar.
- Mas qual é o seu nome?
A vendedora respondeu:
- Chamo-me Maria Ivone, mas meu apelido é Maria do Plástico
Roxo. Até hoje não entendo o porquê as pessoas me chamam com este apelido,
sendo que também me visto com outras cores: branco, preto e cinza.
Após estas palavras, a garota levou o brinquedo para casa.
Um mês depois, assaltantes entraram atirando na casa de
Tereza e alguns tiros pegaram seus parentes. Mas ela escapou porque, naquele
momento ela estava dormindo agarrada com a boneca, e uma das balas entrou
dentro daquele brinquedo.
Algum tempo depois, Tereza aproximou-se da Maria do Plástico
Roxo e falou:
- A boneca que comprei de você salvou a minha vida.
Desta maneira, a vendedora comentou:
- Quem socorreu você foi o espírito que estava dentro do
brinquedo. Eu sei porque converso com fantasmas todos os dias.
Esta misteriosa dama de plástico desapareceu nos anos 80.
Algumas pessoas falaram que era voltou para sua cidade natal, que ficava no
interior, para morar sozinha. Pois ela não tinha parentes e nem marido. Afinal
ela não deixava que nenhuma pessoa tocasse seu corpo.
Por coincidência, hoje, as cores preferidas desta senhora
formam a bandeira da assexualidade: roxo, branco, cinza e preto. Para quem não
sabe, a assexualidade é a orientação das pessoas que não sentem atração sexual,
assim, como a personagem principal deste texto.
Luciana do Rocio Mallon
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