Descobri, que não preciso
Da maioria das coisas
Que as pessoas buscam.
Eu preciso é criar.
Escrever até fazer
Calos nos dedos.
Consumir todos os lápis.
Esgotar toda a tinta
De todos os tinteiros.
Erodir as teclas
Do computador
Até meus dedos
Sangrarem de paixão.
Prazer maior
É ver o poema nascer,
Emergindo da folha
De papel em branco,
Da tela luminosa,
Ou mesmo, na rua,
Em frases confusas,
Que rabisco
Na palma da mão.
Felicidade é entregar
O poema ao mundo,
Ainda, sem qualquer correção,
Para, depois assistir
Ao seu crescimento,
Com o despojamento
Dos excessos
E o acréscimo de versos
Que vão chegando de mansinho
E se incorporando ao texto,
A ponto de não mais reconhecê-lo,
Como acontece com os filhos
Após algum tempo.
Dor é a angústia
Da nova criação.
O vazio que se instala,
Enquanto o pensamento
Sobrevoa o nada.
A ausência de palavras e versos.
Até que, de novo, a inspiração
Vem e me arrebata;
E o poema brota-me pelos olhos
E exala-me pelas narinas,
Fazendo-se fruto bom e sublime,
Que me restaura a paz
E desenreda-me da dor.
- por José Luiz de Sousa Santos, na Lapa, em 20/10/2012, Dia
do Poeta –
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