Olho meu
velho colega de escola. Ele e seu fiel escudeiro baixote certamente não
chegaram lá. Também eu não cheguei. Eles devem ter os seus trabalhos. Tenho o
meu. Eventualmente, ao longo da vida profissional, posso ter preparado algum
prato para que deglutissem com suas vorazes, insaciáveis famílias, as esposas
em saltos altos e estampados vestidos que já não lhes cabem, mais os
pançudinhos filhotes, bonés de times de futebol de São Paulo na cabeça,
relógios com pulseira de borracha colorida, pedindo ao garçom um guaraná atrás
do outro, e os pãezinhos com manteiga do couver nunca o suficiente. No
trabalho, faço o que é preciso. Sou um artista da alta gastronomia? Tal ambição
faz tempo escorreu com o molho a bolonhesa nos pratos que voltaram do salão e
lavei com pressa. Quem sabe, então, alguém minimamente competente? Digamos que
quebro um galho, dou conta do recado. É preciso manter-se ao menos útil.
Luiz Felipe Leprevost
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