quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Sinos ao longe


Sinos ao longe

Fim de ano. Mas em Brasília as investigações continuam. O senador Galileu Furoni era um parlamentar veterano. Implacável investigador de irregularidades. Nas CPIs, seus interrogatórios eram temidos. A testemunha do dia era o conhecido advogado Lenine do Rabecão. O rapaz tinha de explicar como apareceram 10 milhões na conta dele.
- Em dinheiro, senhor Lenine. Como foi isso?
- Bem,
o senhor sabe, eu tenho muita sorte no pôquer...
A raiva tomou conta de Galileu Furoni.
- Vai me dizer que não foi o Papai Noel? Hein? Hein?
Lenine nada respondeu. Seu olhar se perdeu no horizonte. Sinos bimbalhavam ao longe. De repente, o senador Galileu sentiu frio. Uma presença. Uma roupa vermelha. Uma risada. Um trenó.
- Ho-ho-ho. Galileu, sou eu. O Papai Noel. Não acredita em mim?
A visão se dissipou em minutos. A CPI ia retomar seus trabalhos.
Mas Galileu estava caído no chão. O infarto. E um sorriso no canto da boca.
- Eu acredito... eu acredito... viva o Lenine.
Vivam os tempos de outrora. No Natal, os corações mais duros fraquejam.

Voltaire de Souza

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