terça-feira, 23 de outubro de 2012

NA BATIDA DO PANDEIRO




disse ontem digo hoje
cabra ruim é no cabresto
quem quiser que faça pose
e se benza com João VI

muita coisa vi rolar
mas não vi assombração
sou de paz e vou pro bar
vou encher o caveirão

se você que é meu amigo
paga a conta e vai embora
pela sombra eu não te sigo
mais feliz me sinto agora

passa a noite passa o dia
até passa o meu amor
se ela diz que não queria
dá licença, por favor

se disser que eu facilito
silabando só em sete
a peixeira puxo, agito
faço furo a canivete

ser poeta é bem maior
lá do céu que vem o dom
se me julgam o menor
eu insisto e fico bom

sou da turma dos contentes
na viola ou no verso
pra terror dos descontentes
sou um deus e sou perverso

quem quiser ouvir se abanque
pois o show vai começar
que ninguém a porta tranque
não é fim quando acabar

no meu verso não respeito
nem anel e nem nobreza
essa dor é do meu peito
e é também minha riqueza

deixo o dito por não dito
se vier conversa mole
quem disser que está escrito
vá embora, não me amole

se o verso vai e vem
olhe bem pro coração
ele é tudo que se tem
quando a gente tem razão

comecei e terminei
na batida do pandeiro
já cantei tudo que sei
se divido fico inteiro

pra quem fica digo adeus
pra quem vai que fique em paz
se não sei quem são os meus
tanto fez ou tanto faz

com amor, não vou sozinho
desde os tempos de rapaz
eu conheço seu caminho
mas voltar não volto mais

antonio thadeu wojciechowski

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