Prende, arrebata, enleva, atrai, consola
a harpa tangida por convulsos dedos,
vivem nela mistérios e segredos,
é “berceuse”, é balada, é barcarola.
Harmonia nervosa que desola,
vento noturno dentre os arvoredos
a erguer fantasmas e secretos medos,
nas suas cordas um soluço rola...
Tu’alma é como esta harpa peregrina,
que tem sabor de música divina
e só pelos eleitos é tangida.
Harpa dos céus que pelos céus murmura
e que enche os céus da música mais pura,
como de uma saudade indefinida.
- Cruz e Sousa, do livro "Últimos sonetos", 1905.
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