segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

ASPIRADOR DE PÓ


para Luciana Martins
Hoje resolvi
fazer a faxina da casa.
Não por falta de asseio
(nem por falta de assunto),
que a moça que pagamos para isso
é mestra
em seu ofício.
Não sou propriamente um sedentário,
mas arrastar a
cama, le-
vantar o colchão e
insinuar
o
cano do aspirador em
cada canti-
nho
não é para diletantes.
Tampouco esfregar a calçada
cujas lajotas,
imprudentemente brancas,
insistem em ficar sujas.
(Na rua principal aqui do bairro,
as duas padarias fecharam
e, no lugar,
surgiram uma franquia de telefonia celular
e a terceira farmácia,
ou drugstore,
para ser conceitualmente preciso.)
Você vai me perguntar
o que é que a estrofe acima
tem a ver
com tudo isso.
E eu vou dizer que não sei.
Não é fácil deixar o poema
bem limpinho.

 Marcelo Sandmann

A fio, 7Letras, 2014 (Lançado em Curitiba ontem, na livraria Cultura.)

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