No século dezenove, em Curitiba, existia um rapaz de sono
muito pesado chamado Paulo, que tinha herdado uma enorme fortuna.
Uma certa noite, os parentes gananciosos dele, colocaram
barricadas nas portas, janelas e deste jeito atearam fogo na casa com o
objetivo de ficarem com a herança. Então Paulo acordou no meio das chamas, mas
mesmo assim morreu queimado. Após isto, o pobre foi enterrado no Cemitério
Municipal São Francisco de Paula. Porém como ele não era tão ruim para ir para
o Inferno e nem tão bom para merecer o céu, este moço voltou para a matéria e
por isto sua alma tinha a impressão de que seu corpo estava sendo queimado o
tempo inteiro.
Dias depois Antônio, um adolescente sensitivo, foi entregar
flores ao túmulo de sua avó. Quando, de repente, viu o espírito de Paulo
exclamar:
- Morri num incêndio e por isto quero que joguem água em meu
túmulo!
Após escutar isto, Antônio foi buscar um balde da água e
jogou na cripta do fantasma.
A partir daquele instante, este garoto passou a visitar o
campo-santo todos os dias para derrubar água no túmulo de Paulo.
Um certo dia, este fantasma disse ao garoto:
- Estou ardendo, mas é de solidão.
Desta forma, Antônio orou para que Paulo saísse da solitude.
Naquele mesmo dia, uma moça chamada Violeta resolveu tomar
banho nas águas de um rio sem saber nadar. O problema é que ela foi muito para
o fundo e acabou se afogando. Horas mais tarde, um pescador achou seu corpo
boiando e a jovem foi enterrada, em frente ao túmulo de Paulo.
Naquela mesma tarde após Antônio jogar um balde da água, na
cripta de seu amigo, escutou uma alma gritar em sua frente:
- Meu nome é Violeta, morri afogada e preciso de velas para
me aquecer!
Deste jeito, o jovem comprou velas e acendeu no túmulo da
donzela, que disse:
- Obrigada!
- Mas, agora o frio que sinto é o gelo da solidão.
Então, Antônio teve uma idéia, bateu na porta da cripta de
Paulo e exclamou:
- Paulo, acorde!
- Quero lhe apresentar a uma nova amiga!
O fantasma do rapaz saiu da tumba e ao ver espírito de
Violeta apaixonou-se por esta donzela. Desta maneira as almas se abraçaram.
Naquele mesmo instante as águas do espírito da moça acabaram com as chamas da alma
do homem e as faíscas do espírito dele iluminaram a alma da donzela.
Reza a lenda que, nas noites de Lua Cheia, é possível ver
estes dois fantasmas passeando de mãos dadas pelo Cemitério São Francisco de
Paula.
Luciana do Rocio Mallon
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