Mas o segredo que Miguel descobriu nem para o tatuzinho ele
quis contar. Ficou deitado, bem quietinho, percorrendo os dedos por dentro da
caixa, e sentindo as lágrimas rolando nas têmporas feito estrelas cadentes. Não
era só tristeza o que estava sentindo. Eram os sonhos de menino que nasciam de
novo nos olhos e iam adormecer nos ouvidos. Como se os sonhos saíssem e
voltassem, fizessem a volta no rosto, mas não conseguissem escapar de si mesmo,
ou do seu velho pedaço de papelão. E talvez por isso ele nunca via a Lucinha do
outro lado da cerca.
Rita Apoena
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