quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

QUASE UMA LAMENTAÇÃO


Desta vez você não escapa
Nem pela porta da palavra
Nem pelo alfabeto represado
E não adianta revolver a terra
Nem abandonar o prato feito
As águas e os sôbolos rios
Já passaram por Babilônia
E os poemas que ficaram
Enterrados em mim
Não são os mesmos que
Ficaram enterrados em ti.
E não adianta perguntar
Se aqui é Babilônia, Sião
Ou qualquer outro lugar.
Vejo-me diante de fevereiro
O mais curto dos meses
Desconcertado de ventura.
Minha pena não é o desterro
Mas o discreto esquecimento
Dos caminhos percorridos.
A impermanência de tudo
Mostra que a vida é um jogo
De azar.
E minha alma é pequena,
Tão pequena
Que não cabem nela
Nem a Vila Itambé
Nem a minha mãe desfigurada
E nunca vai caber o mundo,
O vasto mundo

Essa imundície capetalista!

Rubens jardim 

Nenhum comentário: