sábado, 6 de dezembro de 2014

eu quero compor um poema básico
que diga tudo
– amor e morte, desejo e medo –
com quase nada: uns poucos versos,
raras rimas e nenhum metro.
eu quero compor um poema básico
que grude na cabeça
como um riff
um provérbio
a lembrança de uma lua
atrás de um poste
(depois do porre homérico
numa espelunca).
eu quero compor um poema básico
honesto como um palavrão
dito num bar
quando seu nome vem à lembrança
um poema básico
como um steinhaeger
que diga tudo
(como eu te amo
como eu te odeio)
com um sol maior
uma batida seca
e um agogô
– como na introdução
de honky tonk woman

Otto Leopoldo Winck

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