domingo, 7 de dezembro de 2014

FROGMENTO


...lembro que quando criança o fedor putripestilento do mar na Praia de Botafogo no Rio de Janeiro me carregava para longe de uma fé na responsabilidade de governos. Ali aberto a nossos olhos o mais estupendo e estúpido esgoto da zona sul da cidade. Basta um mergulho para que a acidez pútrida das águas provoquem ulcerações na pele e hepatites internas. Nos meus oito anos de idade restava a areia meio cagada para a prática marginal do futebol de praia, com campeonatos de bolas remendadas e camisas de farrapos coloridos.
Durante a semana, quando não havia jogos, as traves de gol tornavam-se puleiros concorridos de urubus, que por ali pastavam entre as oleosidades desenhando aquarelas de lixos apodrecidos na gelatina de merda das águas.
Hoje foram os urubus mas lá permanece o Iate Clube do Brasil que ancora centenas de embarcações sofisticadas nessa baia de bosta. Ali despejam seus detritos de viagens e inviabilizam o usufruto de um bem público há décadas.
O Iate clube tem que ser responsabilizado pela construção de uma marina para seus barcos e canoas estacionarem. A prefeitura devia ter mais vergonha do que nós.
Alexandre Acampora. dezembro 2014.


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