sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A TUA AUSÊNCIA


A tua ausência repleta o vazio.
Cachos de inocência,
seio, aroma, pétala
invisível. Teu jeito não se vê,
na sombra se pressente.
A tua ausência é uma adaga
ou uma adega
abandonada.
Há poeira. Há quietude. Há penumbra.
Há expectativa também: é madrugada.
A tua ausência reelabora
a imatéria da memória.
Como um filme eu revejo
a lua, a praia, a rocha da enseada
e teu corpo
arfante,
em silêncio,
a se me entreabrir na areia.
A tua ausência é uma anêmona do mar.

Otto Leopoldo Winck

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