Uma palavra
Uma palavra que rompa as distâncias
As pontes quebradas
O perigo das esquinas; que salte
Os montes e os castelos de pedra.
Uma palavra de te buscar no vento.
Uma palavra de tocar, não de explicar
Ou dizer; uma palavra: gosto, beijo
Desejo da tua boca perfeita, perfeita.
Uma palavra de beber as pontas dos teus dedos
De olhar nos teus olhos
Imensos e neles ser a água da cachoeira
Verde nua mão seio abraço
Dezembro fogo, espuma estilha
Sol e primavera: cristal despedaçando cores.
E já sem nenhuma palavra
Ainda ser poesia, corpórea
Entre os teus lençóis, cabelos e sedas;
Sim uma surda poesia, suada gustativa
Capaz de te morder no lábio, de te virar
De bruços, capaz de te deitar meu cheiro
E amanhecer febril e tatuada — a poesia —,
Nessa tua pele e no teu sonho azul de céu.
Igor Buys
31 de dezembro de 2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário