sábado, 23 de maio de 2015

SONETO DO ALQUIMISTA


Da mesma forma que o alquimista intenta
o bruto ferro transmutar em ouro,
e sem sossego tudo experimenta,
tendo por fim apenas tal tesouro –
o poeta é tal qual este alquimista,
que, com depauperados elementos,
sinais, palavras – sons sem sentimentos –
como um velho e experiente ilusionista,
um feiticeiro, um mago, um inventor,
ou então nada mais que um fingidor,
sonha altos monumentos levantar...
Mas não se iludam, simulacros vãos
são, afinal, as obras de suas mãos:
engenhosas catedrais feitas de ar.

Otto Leopoldo Winck

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