quinta-feira, 28 de maio de 2015

Um cubículo de gente num cubículo de apartamento

detonar o poema com as teclas
para que pulse vital a poesia
no mistério distante da meta
que dita no verso o arrepio

na paisagem sombria e absurda
do sonho que vive desperto
na cabeça do transeunte
que ao atravessar a rua suspira

como se tudo desatasse
deste momento em diante
feito flor que desabrocha
no fértil vazio da página- voz

deste circo mambembe vida
em única apresentação hoje
do mísero frente ao universo
instante-agora em nossas

veias e artérias degradadas
pelo cruel sistema que dita
o sinal vermelho, quando
se quer seguir o rumo

da canção nunca antes assobiada
pelos índios simulacros da praça
este desejo de origem-raiz
faz cavar mais fundo que a mera

superfície do visível e palpável
e leva a arqueologia daquilo
que duvidamos e resiste
independente de bússola e horário

José Alberto Amarante. Fonte: Jornal Relevo






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