Vem cá
Deixa o peso físico
Sentado, nessa cadeira
E caminha, descalça, pisando
Um chão de pedra fria: gruta azul
Adentro, vem me encontrar. Vem, agora,
Vem cá. Vem ser minha, onde tudo é possível,
Tudo é real, nada é mentira. Pisa esse chão, caminha;
O que há a tua frente? Podes ver? Vem, vem pra mim, vida.
Há uma luz branca muito intensa? Como o sol, no âmago da
caverna?
Então, caminha mais depressa; corre agora! Vem, delícia;
sonho meu de amor.
Sente o meu abraço, de
repente.
Sente. Deixa ser real.
Beijo-te...
Bebo teus lábios, teu rosto.
Cá,
Onde sempre fui teu. Mãos, luz,
Nem podes me ver, mas me sentes; barba por fazer na tua
pele, pescoço, rosto.
Gosto, cheiro. Deixa... deixa ser real. Beijo apaixonado;
bebo a tua saliva,
Tua respiração apressada; desalinho os teus cabelos, mordo,
de leve,
O teu ombro. E beijo, beijo, beijo, beijo... Saudade: cem
anos,
Talvez, de saudade da tua boca. Do mel desses teus olhos.
Vem, vem cá. Dá-me a tua mão, confia; vem fugir,
Comigo, do peso do tempo. Ai, meu amor...
Vem... Vem cá. Existe uma praia
Aqui, atrás desta via; vamos.
Vê o mar: azul, verde.
Vem cá...
Pisa a areia macia, quente. Sente, sonha. Hoje, eu peço teu
sonho.
Teu seio, na minha pálpebra... Tua palma, no meu rosto, e
língua.
Igor Buys
06 de janeiro de 2011
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