quarta-feira, 20 de maio de 2015

O eu jamais está fechado



o eu jamais está fechado, ou nunca mais se abriu? sei que estou
poluído de declarações, não sou tão alto quanto um deus qualquer
em sua mudez perfeita. sou esta apoteose tão pequena quanto quem
quer que também a seja. o prazer se compartilha, a dor não. a dor é
uma coruja em vigília, olhos na maciça escuridão. estar só é ser o
homem como ele é. e os nossos sentidos são uma ostentação, mas
nem todos vão estudar música a esta hora, nem ler os livros que foram
escritos só para mim. não há gente ao redor, porém, com o coração
sincero, sussurro outra vez o espírito de um verso. de longe, o seu sim

chega furando a noite. não hesito, abro a porta

Luiz Felipe Leprevost

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