Vence esse teu medo de ser feliz.
Deixa a natureza nua pensar por ti,
ouve a voz dessa tua pele de leite
e deita a tua cabeça no meu peito.
Não se prenda ao fato d’eu largar.
Se largo, ora: primeiro agarro.
Seja positiva, mulher... Madura.
Quem vai rasgar a tua blusa.
Quem vai te deitar na parede,
quem vai bloquear o teu tapa
e beber a palma da tua mão.
Quem se não eu vai te fazer
rir e sorrir, bebendo lágrimas.
Só eu vou-me sentar no chão
para auscultar teus esperneios,
decifrando esses olhos de menina.
É sério: só os ficantes e os viados
são amigos da mulher: escolhe.
Ninguém assistiu ao formidável
enterro da tua última quimera,
somente a ingratidão, essa pantera.*
Pois se a alguém ainda causa pena
a tua chaga, arranca essa roupinha
que te esconde; mostra esses seios
pontiagudos, essa púbis de louça,
morde e suga o sangue da vida!
Vem, amor, espero-te, há tanto;
vem cortar as minhas costas com
essas unhas, que a chama é breve
e a cinza do esquecimento, eterna!
______
*Alusão: Augusto dos Anjos; “Versos Íntimos”.
Igor Buys
20 de dezembro de 2010
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