sábado, 16 de maio de 2015

Lenda do Bairro Boa Vista


                      
No século dezenove havia, em Curitiba, uma senhora apelidada de Tica que morava  numa fazenda na parte mais alta da cidade. Porém era muito mal humorada e maltratava os escravos.
Um certo dia, ela perdeu a visão do nada e chamou sua mucama:
- Bernadete, faça uma magia para que eu volte a enxergar.
A escrava respondeu:
- Eu não lido mais com estas práticas, pois me converti ao Catolicismo. Mas se a senhora rezar com fé para Santa Luzia, a protetora da boa vista, sua visão voltará.
Tica comentou:
- Eu não sei rezar.
A mucama explicou:
- Não faz mal, pois eu lhe ensino. Basta orar a ladainha desta santa, depois rezar quinze ave-marias e fazer uma promessa.
A patroa teve uma ideia:
- Bem, se a minha visão voltar ao normal, eu prometo construir um chalé bem alto e no sótão colocarei a imagem de Santa Luzia numa janelinha. Além disto, também construirei uma capela chamada Boa Vista no meu jardim em homenagem a este milagre.
Bernadete aconselhou:
. Agora, primeiro, vamos nos ajoelhar. Neste instante, a senhora deve repetir as palavras que eu falar e depois rezar comigo as quinze ave-marias:
- Santa Luzia, protetora da boa vista, faça com que meus olhos voltem a enxergar.
- Ave –Maria...
A dona da fazenda obedeceu à escrava.
Assim a cada ave-maria que era rezada, um tanto da visão de Tica voltava aos poucos e no final os olhos desta mulher estavam melhores do que na época em que ela enxergava normalmente. Naquele exato momento, o comportamento de Tica mudou: ela passou a tratar , com bondade, os escravos e seu humor melhorou muito.
Alguns dias depois, esta idosa construiu um chalé de vários andares, onde os visitantes iam até o último andar para admirar a visão da cidade e sempre exclamavam:
- Que boa vista!
Tica também construiu uma capela chamada Boa Vista em homenagem à Santa Luzia.
Por isto, aquela região foi apelidada de Boa Vista.
Porém, no ano de 1880, esta senhora adoeceu e resolveu vender o sítio para um agricultor de cereais que demoliu a capela e o chalé. Porém o apelido do local permaneceu até hoje: Boa Vista.

Luciana do Rocio Mallon

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