(Mara Paulina Arruda)
Um velho lendo a Bíblia, num banco da praça. Um poema sendo
colado na agenda de uma menina junto com o papel de um sonho de valsa. Raios
atravessaram o céu, dias atrás. Eu me protegi com um guarda-chuva quebrado. Meu
pai se vivo estivesse o consertaria. Ele era perito nesse ofício por não saber
outro. Quando a chuva passou fechei o guarda-chuva e pus-me inclinada no vento,
as mãos enterradas nos bolsos da jaqueta.Segui em frente passando pela menina e
pelo velho.O que vi foram páginas sendo esvoaçadas. Em casa espalhei os
envelopes das correspondências e separei-os por datas, os selos eu colei no álbum
que tinha como título a palavra Saudade. Saudade, palavra abstrata, vinda de um
vocabulário além de mim.
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