Sem sono e sem internet
Escrevo poemas à mão
Um atrás do outro
Pensado que se seja outro
Quem os escreve
E por pura alucinação
Imagino ser eu
Quem tira da imaginação
Tanta coisa sem sentido
Tanto texto fora do contexto
Monte de palavras carcomidas
Que já não dizem mais nada
Ao bêbado que passa gritando
Lá embaixo na rua
Palavrões que saltam
E batem no vidro da minha janela
Apesar de encastelado no 17º andar
A salvo da chuva
Que faz brilhar o asfalto
E constrói delicadas poças
Junto aos meios-fios da rua
Que os paulistas chamam de guia
Mas que não guiam nem os cegos
Que se molham por inteiro
Por não enxergarem os guarda-chuvas
Pendurados nos galhos das árvores secas
Da minha cidade quase adormecida
Em seus delírios sem soda-cáustica
Ou qualquer outro veneno
Que antigamente se tomava com guaraná
Para que o sono chegasse sem sonhos. . .
- por José Luiz de Sousa Santos, o JL Semeador, na Lapa, na
noite chuvosa de 13/11/2012 –
(“Paralelas”, de e com Belchior)
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