domingo, 18 de novembro de 2012

O gosto das coisas.


 De Mara Paulina Arruda
Leocádia estava sentada na grama, no canto da casa, ao sol. Contava um fato ocorrido e outro enquanto nos deliciávamos com vergamotas. "Leocadia querida, do céu e da terra o trabalho é como o amor e quando se perde fica um vazio. Deixa eu te contar de Emanuel: O homem desiludido foi parar no fim da cidade, caminhando sem destino. Houve um revertério. A casa deles virou um banzé. A mulher foi embora. Eles tinham cães e gatos. Pense! Ele foi atacado por coisas da alma. Vieram da roça. Mas a vida aqui na cidade não deu certo. Lá eles cuidavam dos ninhos dos passarinhos; aqui, lamentações e tragédias. Peleja!" Era uma tarde invernal. Leocádia e eu. O aroma das vergamotas e o passar das nuvens.

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