O gosto das coisas.
De Mara Paulina Arruda
Leocádia estava sentada na grama, no canto da casa, ao sol. Contava um
fato ocorrido e outro enquanto nos deliciávamos com vergamotas. "Leocadia
querida, do céu e da terra o trabalho é como o amor e quando se perde fica um
vazio. Deixa eu te contar de Emanuel: O homem desiludido foi parar no fim da
cidade, caminhando sem destino. Houve um revertério. A casa deles virou um
banzé. A mulher foi embora. Eles tinham cães e gatos. Pense! Ele foi atacado
por coisas da alma. Vieram da roça. Mas a vida aqui na cidade não deu certo. Lá
eles cuidavam dos ninhos dos passarinhos; aqui, lamentações e tragédias.
Peleja!" Era uma tarde invernal. Leocádia e eu. O aroma das vergamotas e o
passar das nuvens.
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