A dança das donzelas das flores apareceu, há 2000 anos
atrás, no Antigo Egito. Ela surgiu com as camponesas, que ficavam felizes
depois de uma árdua e boa colheita. Então, elas se reuniam para bailar com
cestos de flores. Reza a lenda que um faraó estava passando num destes locais e
viu este tipo de coreografia. Assim, o faraó pediu para que as vestais, que
eram as virgens dos templos egípcios, adotassem este estilo de balé para
celebrar o começo da primavera. Desta maneira, a cultura se espalhou fazendo com
que gregos e romanos utilizassem a coreografia das danças das flores para
saudar a deusa Ceres, que era a deusa da agricultura, depois de uma boa
colheita. Já os celtas adotaram a dança das flores como parte do ritual de
primavera. Os ciganos, como povo nômade, estudou o bailado de outros povos e
mesclou com o seu. Assim, eles também costumam fazer esta dança da virgem das
flores. Na Dança Cigana, geralmente, este balé consiste em donzelas, com cestos
nas mãos, lançando flores e pétalas de rosas ao público, intercalando giros e
passadas. Reza a lenda que o agricultor que pegasse uma flor ou pétala lançada
no meio deste balé, teria uma colheita excelente e farta. Para os ciganos, as
senhoras casadas e as viúvas não devem participar desta dança. Pois, somente as
donzelas solteiras podem bailar este tipo de coreografia, pois elas representam
a pureza. Conforme a tradição uma mulher intocada significa ingenuidade e
quando ela joga rosas e pétalas ao público, um pouco de sua inocência fica
nestas flores, que tem o poder de trazer sorte para quem tocar nestes restos
vegetais.
Para o povo cigano, as flores significam delicadeza, sendo
símbolos da sedução pelo aroma e são consideradas as tocas dos silfos, os
“elementais” do ar. Já as cestas e balaios significam a união do trabalho pela
família. Até hoje, empresas familiares usam este símbolo.
Geralmente, as coreografias das danças das flores são
descontraídas, por isto a bailarina deve brincar com o cesto de flores e no
ápice, o público precisa ter a sensação de que bailarina e cesto, com vegetais,
são uma só criatura.
O ritual da dança das flores possui muitas lendas, leremos
uma delas abaixo:
Na América Central existia uma tribo de índios que cultuava
a deusa da agricultura e sempre depois de uma boa colheita, era escolhida uma
donzela para fazer a dança das flores. Segundo a tradição só uma virgem poderia
fazer este balé em homenagem a deusa da agricultura, pois se a moça não fosse
mais donzela, no ano seguinte, pragas como a chuva e a seca poderiam prejudicar
a produção da agricultura.
Nesta aldeia, havia a adolescente Yokan, que era filha do
imperador desta tribo. Porém, ela se apaixonou por um índio da aldeia inimiga e
se entregou para ele. O problema é que naquele mesmo ano, o povo escolheu Yokan
para bailar a dança da virgem das flores pedindo uma boa safra. Porém, a jovem
ficou com vergonha de falar que não era mais moça e mesmo assim bailou no
ritual. Mas, naquele ano, houve um período de seis meses só com tempestades e
outro semestre só com seca, situações que prejudicaram a colheita. Então, o
pajé da tribo achou que toda aquela desgraça era a fúria da deusa da
agricultura e desconfiou que Yokan não era mais virgem, quando dançou no
ritual. Assim, ele mandou as mulheres, da aldeia, examinarem esta jovem e a verdade
foi descoberta. Como punição Yokan foi condenada a ser jogada para dentro do
vulcão. Na hora em que ela iria ser jogada, ela fez a seguinte oração para a
deusa da agricultura:
- Por favor, deusa da agricultura, me perdoe!
- Liberte-me de morrer pelas lavas do vulcão, pois como
estou grávida, prometo que se o meu bebê for uma menina ela permanecerá virgem
para sempre e bailará quantas danças da virgem das flores você desejar.
Naquele instante, Yokan foi jogada para dentro do vulcão.
Mas, de repente, as lavas e chamas do vulcão se transformaram em pétalas de
rosas, amortecendo a queda da índia. Então, a tribo achou que aquilo foi um
milagre de perdão da deusa e resgataram Yokan, que, depois de alguns meses, deu
a luz a uma menina e fez com que sua filha permanecesse virgem para sempre.
Luciana do Rocio Mallon
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