Luciana Do Rocio Mallon
Marília era uma cigana que possuía o sonho de ter
uma filha. Ela tinha ficado grávida quatro vezes, mas sempre perdia os bebês na
metade da gestação. Um certo dia, ela rezou para que Santa Sara expulsasse esta
má sorte e, assim, pudesse ficar gestante novamente. Então, alguns dias depois,
esta cigana engravidou e pelas contas ela daria a luz perto do Natal. O tempo
passou e o dia vinte e quatro de dezembro chegou. Já nas primeiras horas do
dia, Marília começou a ter dores fortes e pediu para que somente a sua irmã a
ajudasse no parto. Quando ela conseguiu dar a luz a uma menina, este bebê
morreu nos braços da sua irmã. Deste jeito a cigana desesperada, com a criança
morta nos braços, foi até uma igreja e entrou no templo, que tinha um presépio
onde faltava o menino Jesus na manjedoura. Assim, ela deixou o neném falecido,
ao seu lado esquerdo deitado no banco, ajoelhou-se e começou a rezar. No meio
da oração, a mulher olhou para presépio e notou que ele estava sem o menino
Jesus. Desta maneira, esta mulher refletiu:
- Pensei que só nós, os ciganos, é que tínhamos o
costume de colocar o menino Jesus só no dia 25 de dezembro.
Depois deste pensamento, a dama continuou de
joelhos e fechou os olhos. Alguns minutos depois, ela escutou o choro de uma
criança vindo da manjedoura do presépio. A moça abriu os olhos e reparou que o
bebê, que estava no presépio, era idêntico ao seu neném que ela tinha acabado
de perder. Por isto, a cigana virou-se ao seu lado esquerdo e não viu mais a
criança morta. Desesperada, a mulher aproximou-se do presépio e notou que
aquele bebê era a sua filha falecida que havia ressuscitado. Então, Marília se
perguntou:
- Como meu bebê voltou à vida, se ele estava morto
e gelado?
- Como minha filha foi parar viva no presépio?
Assim, ela abraçou a criança e levou para seu
acampamento. Em homenagem à data comemorativa a cigana batizou a filha de
Natália, que significa: “o dia do nascimento de Jesus” numa mistura de Latim,
Sânscrito e Romani. Esta menina cresceu ouvindo sua mãe dizer que ela foi um
milagre de Natal e que, por isto, quando ela ficasse adulta, deveria de
distribuir brinquedos para as crianças do acampamento. Natália aprendeu a fazer
brinquedos, principalmente, bonecas de pano e carroças de madeira. Então,
quando esta jovem completou dezoito anos, ela passou a dar brinquedos para os
pequenos, de seu acampamento, no Natal.
Reza a lenda que quando alguém faz um pedido para o
Papai-Noel e não é atendido, basta rezar para a cigana Natália que ela realiza
o desejo, da pessoa, na noite de Natal. Porém, para isto acontecer, o pedinte
deve ter um presépio em casa e colocar o menino Jesus, na manjedoura, só no dia
25 de dezembro, assim como a tradição cigana pede.
Nenhum comentário:
Postar um comentário