De Mara Paulina Arruda
Da calçada ela abanou as mãos para ele que estava no
terreiro de Ogum, seu apartamento. A vida ecoando nas ruas entre tatuagens e
canções desconhecidas. Vestida com uma camiseta com a estampa Running 72
combinando com o seu jeito palavrear; cantarolava com a mochila nas costas. Os
cabelos ralos, fios brancos apontando junto às orelhas. Ao abanar as mãos ele
jogou beijos no vão do vento que ela juntou com as correspondências
que estavam na portaria a sua espera. Desenhado no chão um mapa onde fora
marcado um ponto. A sala cheia de arames, fios de nylon, papelão, bugigangas e
pecinhas pequenas, coloridas que sobre o tapete se derramavam. Sentou-se na
cadeira. Puxou a medalha que tinha no pescoço chamando para o congá Cosme e
Damião, pedindo proteção para cuidar daquele pai que carrega a arte como se
fosse um filho pequeno, que começa a dar os primeiros passos e ele tem que
levá-lo, nos ombros.
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