Andréia Carvalho Gavita
14 de setembro às 11:09 ·
Eu cursava Geografia na UFPR e em uma das atividades
curriculares fomos passear pela cidade para uma aula arqueológica ao vivo.
Lembro do professor explicando que a maior parte da região central por onde
caminhávamos "sequinhos e seguros" já tinha sido água pura (o Rio
Belém). Quando chegamos ao Passeio Público ele nos explicava que o parque foi o
primeiro projeto de saneamento ambiental da cidade. Era uma aula de "geografia
pura". Eu pensava em seguir a carreira de geógrafa, estudando mapas
bolorentos ou talvez mapas espaciais. Mas então chegamos até a ponte pênsil e a
cruzamos chegando até a Ilha da Ilusão, no reduto onde repousa o busto de
Emiliano Perneta. O professor contou do pomposo dia da coroação do poeta como o
"Príncipe dos Poetas Paranaenses". E discorreu sobre a importância do
movimento simbolista nesta cidade. Por isto, assim como abandonei os ossos e
moléculas do curso de Biologia, abandonei os mapas e cálculos de vento,
percebendo o que me completaria: a literatura. Não, não me matriculei em mais
um curso acadêmico (o óbvio seria cursar Letras). Resolvi flanar periodicamente
pelo passeio público, invocando uma luz para os ossos de pedra do príncipe simbólico.
Bem, ele me deu bem mais que uma chama de fogo-fátuo, me deu coordenadas
fosfóreas e vértebras de caminhos para os roteiros pineais de minhas rótulas
escriturárias. E aqui estou, sem diplomas na parede, mas com muitos papéis
nefelibatas, em trânsito perpétuo pelos signos dos dândis. Bendito dia
arqueológico, projetado no hoje santuário que vislumbro.
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