Confesso, sou desescritora
Tentando ser sereia no vasto mar
Sem, ao menos, ter voz de cantora
Sob à luz prata e suave do luar!
Sou uma desescritora suicida
Que mata as doces rimas
Gerando uma triste ferida
Com espadas de esgrimas!
Enquanto um másculo desescritor
Tenta seduzir com falso sentimento
Fingindo sentir o mais puro amor
A desescritora cria asas ao relento
Só para poder voar contra o vento!
Somente uma real desescritora
Presa dentro de uma masmorra
Pode criar suas próprias asas de cetim
Para voar pelo céu azul sem fim!
A desescritora viaja pelo universo
Libertando o tradicional verso
De um planeta cruel e perverso
Onde a depressiva ditadura
Tão repressora, triste e dura
É capaz de censurar a ternura!
A desescritora quebra a métrica e seu muro
Com apenas um discreto sussurro,
Que com sua mágica melodia
Transforma tudo em poesia!
Desescrever é fazer paródias numa festa
Mas, mantendo o sabor de uma seresta
Sou desescritora, pois deixo os escritores tontos
Quando mudo e troco de lugar todos os pontos
Um angustiante ponto final
Vira um ponto de coletivo
De um jeito nobre e especial
Ele transforma-se em ser vivo!
Enquanto a vírgula transforma-se num girino
E o ponto de exclamação, numa nave espacial!
Enquanto o desescritor picha o muro
Para descontar o desejo de dar um murro
A desescritora consegue sua força no sussurro
Libertando a ignorância do obscuro escuro!
Confesso, sou desescritora
Tentando ser sereia no vasto mar
Sem, ao menos, ter voz de cantora
Sob à luz prata e suave do luar.
Luciana do Rocio Mallon
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