sábado, 13 de setembro de 2014

Parte arrancada


O ódio bebo de dentro pra fora.
O medo bebo de fora pra dentro.
De noite não é o olho que chora:
É o estouro da represa do tempo.
meus monstros ainda os vejo;
Eles ainda me apagam sempre;
Mas agora só olho o presente,
me achando de novo no espelho.
nunca deixei de ser muitos:
aqueles muitos que eu não era:
os espanco onde antes houvera:
morte sem vida sem primavera:
delirios e pesadelos abruptos.
E renasço da flor de meus lutos.


Julio Almada, Do livro poemas Mal_Ditos

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