Não sei com que traços se detalham estes sonhos indecididos onde as veias são como linhas que agulhas bordam na distância de um quarto lunar sorrisos inauditos de primavera.
Deixo-me cair na brutalidade resoluta que a terra à sombra morde quando é possuída pela fertilidade da lava. Porque me dás vontade de perfurar cidades de frente, abrir o sol e mastigá-lo no peito, desatar granadas de estrelas que estoirem com a hipocrisia dos passeios de Domingo no segregar de constelações a dardejar novas palavras. Porque estou ávida de presentes futuros, de te lamber os olhos, os dedos um a um até crescerem raízes da tua dor nos meus cabelos, desgastar as unhas a arranhar o hemisfério oculto do teu corpo que cospe grinaldas e se esquece de dizer “sim”.
Passos dispersos alargam a impotência da minha garganta de árvore, extravio o tormento pelos esgotos da carne sideral, mas estes pés não se movem, sempre as raízes, sempre o medo, e tu não queres saber. Rasgo-me uma avenida excruciante até à boca, vindima masoquista em campo gotejando gárgulas de frio sobre a tua ausência. Maldito maldito, repito na fala da vulva, estremecendo oásis de quase no regurgitamento de um longe renegado.
Deste vulcão sem esfíncter convoco o silêncio pela pele repuxada do desespero. Apalpo as vértebras do meu leito, devolvo as cinzas, revolvo revólveres girandolares nas cúpulas de um desejo incomum de torturar os degraus da noite até todos os fantasmas me azularem com despertares a abertura das mãos.
Elsa O.
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