sábado, 20 de setembro de 2014

De A Cinza das Horas (1917)


"Filho de pai imigrante sírio e mãe sertaneja baiana, nasceu na cidade de Jequié, Bahia, em 03 de setembro de 1943.

A memoria é uma ilha de edição—um qualquer
passante diz, em um estilo nonchalant,
e imediatamente apaga a tecla e também
o sentido do que queria dizer.
Esgotado o eu, resta o espanto do mundo não ser
levado junto de roldão.
Onde e como armazenar a cor de cada instante?
Que traço reter da translúcida aurora?
Incinerar o lenho seco das amizades esturricadas?
O perfume, acaso, daquela rosa desbotada?"

[Memory is an editing dock—a nameless
passerby says, in a nonchalant manner,
and immediately hits delete as well as
the meaning of what he wanted to say.
The self spent, what is left is the wonder of the world
without being swept along in the rush of things.
Where and how to store the color of each instant?
What stroke to retain from the translucent dawn?
To set ablaze the dry wood of shriveled friendships?
The scent, perhaps, of that faded rose?]

[tradução Maryam Monalisa Gharavi]


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