(por Luiza Nilo Nunes
)
Assopra sobre a
memória destas mãos apenas um pássaro amanhecido de relâmpagos
Um veio de azulínea e
etérea ave que encha a boca de pó e de fulgurante
Melancolia
Porque os dias
desgastam-se circulares na oclusão prateada destes gritos luminosos
O luto corrói a pele
límpida das rosas pela matéria celular dos claustros cálidos e
Negros
E uma lepra alastra
ferozmente na curvatura dos teus bubónicos cabelos
Sobre o gótico e
lustroso lixo desta casa as sombras recurvam na verticalidade das
Colunas
Os corredores
fosforizam o mármore vítreo dos morcegos
As orquídeas mergulham
no radioso inferno dos vasos, no sémen negro dos puros
Cálices metalúrgicos
Cheira a gladíolos a
carne gélida dos anjos fossilizados palidamente pelos quadros
Os espelhos evocam
sombras dóceis de gaivotas,
Pulsam nos vidros o
rosto cerúleo dos espectros, silhuetas fibrosas, máscaras
Oxidadas de sonolência
E as abóbadas estalam
em seus círculos planetários pela linguagem hemisférica das
Sanguinárias
cassiopeias
Como cantar até que as
aves ruborizem? Até que das pedras sofregamente
Trabalhadas um grito
circule das narinas à memória?
Como congelar a gélida
lágrima nas vasilhas?
Recordo
A casa recurvava-se em
seu exílio de espadas plúmbeas de degraus rugosos de arcas
Incandescentes
A catedral
inclinava-se no grito elástico dos pináculos
Nos quartos
filamentosos de raízes os fósseis gesticulavam a pele sonâmbula dos
Insectos
E sobre a febre
esverdeada das ruidosas melopeias as vozes fissuravam o luto
Crónico dos ossos
Havia uma harpa
nocturnamente dedilhada no arquejar de um eléctrico
Pesadelo
Dédalos devozes que
sibilavam o teu nome no quebrar-se das fosfóreas
Violetas
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