As paredes me assombram
com o eco de tuas palavras,
O chão está coberto da
areia dos teus sapatos
E eu tenho medo e
preguiça de varrer o que restou de ti.
Os lençóis me iludem com
o teu cheiro natural,
E a cama nunca foi tão
grande e insone.
Meu corpo está marcado
por teus beijos e carícias,
Arrepio-me quando me
toco ao relembrar nosso ritual de amor.
***
O relógio se cansa para
calcular o tempo que nos separa,
É preferível contemplar
as estrelas
A medir florestas e
desertos que nos distanciam.
Ainda assim, é tudo tão
vivo de presente,
É tudo tão doce e
palpável
Que esse futuro adiado
me anima,
Esse destino de degredo
não me desola.
Eu me cubro de
esperanças,
Aceito viver de
lembranças
E me acorrento aos
fantasmas que restaram de ti.
Hérlon Fernandes
Gomes (10/06/1981) é natural de Brejo Santo, Ceará
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