segunda-feira, 8 de setembro de 2014

OFFICINA


sinto saudades da oficina de pedra do meu pai
do atelier de barro do meu avô
da roda d'água que movia a serra que parecia
cantar
do fole, de atiçar o fogo de forjar ponteiras
do pó, que encobriria tudo e corroeria pulmões
do chorume da terra e do ruído áspero
do metal contra a pedra
rostos e corpos que surgiam do barro que parecia
chorar
da erva doce que nascia no mato entre cascalhos
e flores
e lá no fundo o rio
vagaroso e barrento - primeira lição de poesia


nydia bonetti 

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