sábado, 13 de setembro de 2014

O LOUCO



ilumina-me. pirata desenfreado do luar. alegre esfumada figura que sobrevoa o puzzle das linhas do horizonte. de um azul terno morrem os poetas, com o ventre a rebentar de cometas e uma lua branca sempre a fugir pelas pernas de tanto extenuar o sangue. mas a luz convexa da pauta acende-se nos neurónios lupanares do louco, navegante do etéreo e do olho interno que dói. os corvos serpenteiam borboletas de chuva sobre a tua cabeça, mas tu não sentes, porque tens um chapéu feito do amanhã da aranha dos sonhos, e não vês, porque as gotas são espelhos ancestrais a luzir os segredos da vida, e no ar há um xadrez por inventar, e no silêncio trilhos de espadas que dançam no esgar dos que deixaste para trás. agora segues pela beleza até entonteceres a hipocrisia biliosa do mundo, de casaco rasgado e a alma rota de estrelas até ao fundo do caleidoscópio. oh louco. se és louco, ilumina-me... ilumina-me... ilumina-me.

Elsa Oliveira

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