Mordem-se gargantas de
sal na criança vadia que comeu o nome. Àquela hora, as flores esticam-se em
bicos de pássaro em busca das vozes que rasgam os olhos na diagonal. Inquieta,
a água densa baloiça precipícios no corpo. Os filhos da náusea aproximam-se,
trovejando lágrimas nos portos vermelhos do submar, e a solidão levanta, em
quarto crescente, as noites brancas. As pestanas gotejam esferas distantes e
gordas que não vêm na enciclopédia, corpos impossíveis a latejar despojos de
nuvem no vazio, corpos que são buracos a expandir-se do avesso. Sabes, às vezes
é como se tivesse orgãos meus no teu corpo, e tu o sangue caído no meu… e as
lâmpadas rastejassem mandíbulas pela música até ao aturdir das pistas deixadas
pelos caminhos, das cordas cansadas na escarpa húmida da vida. Ah amor,
espera... Espera para ouvir o piar do sol no som felino das teclas, e então
estourar a pique esse balão profundo de vísceras onde mora o vácuo.
Elsa Oliveira
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