sexta-feira, 1 de maio de 2015

É bom ser professor

Otto Leopoldo Winck




É bom ser professor. É bom ser "subversivo" no meio de tanta babaquice, ignorância e truculência. Cheguei no Centro Cívico ontem quando o pau já estava comendo. Muita, muita gente. E de repente bombas de gás lacrimogêneo caindo do céu feito chuva. Gente correndo. Teus olhos começam a arder. De repente todo o teu rosto está ardendo. E no meio da confusão, a solidariedade de gente que você nunca viu te oferecendo vinagre pra rebater o efeito do gás. Depois de algum tempo consigo localizar meus filhos, que desde a manhã estavam lá -- dois filhos engajados, linkadíssimos, orgulho dos pais. Encontro colegas, entre eles o Daniel Osiecki, professor, escritor e baterista (não necessariamente nesta ordem), e alguns alunos, como Ane Carol, que estava com sua simpática mãe, e um garoto que estuda filosofia na PUC. Mas sei de outros alunos que estavam lá, como o bravo Eduardo Fabricio Pereira, Chandelier Bensberg e Marina Sambatti. Ex-Alunos também, como a sempre guerreira Solange de Lima, minha aluna na UFPR, que passou por mim correndo no meio do fervo e com quem não consegui falar... Sim, é bom ser professor. Não é fácil. Mas é bom. Sobretudo quanto a matéria sai da sala e vem pra rua. Ontem vimos tudo isso ao vivo: luta de classes, aparelhos repressivos do Estado, solidariedade... Com certeza, agora vai ser mais fácil entender obras como Jubiabá, Quarup, Vinhas da Ira... E Castro Alves: "A praça é do povo como o céu é do condor."

Nenhum comentário: