Otto Leopoldo Winck
É bom ser professor. É bom ser "subversivo" no
meio de tanta babaquice, ignorância e truculência. Cheguei no Centro Cívico
ontem quando o pau já estava comendo. Muita, muita gente. E de repente bombas
de gás lacrimogêneo caindo do céu feito chuva. Gente correndo. Teus olhos
começam a arder. De repente todo o teu rosto está ardendo. E no meio da
confusão, a solidariedade de gente que você nunca viu te oferecendo vinagre pra
rebater o efeito do gás. Depois de algum tempo consigo localizar meus filhos,
que desde a manhã estavam lá -- dois filhos engajados, linkadíssimos, orgulho
dos pais. Encontro colegas, entre eles o Daniel Osiecki, professor, escritor e
baterista (não necessariamente nesta ordem), e alguns alunos, como Ane Carol,
que estava com sua simpática mãe, e um garoto que estuda filosofia na PUC. Mas
sei de outros alunos que estavam lá, como o bravo Eduardo Fabricio Pereira,
Chandelier Bensberg e Marina Sambatti. Ex-Alunos também, como a sempre
guerreira Solange de Lima, minha aluna na UFPR, que passou por mim correndo no
meio do fervo e com quem não consegui falar... Sim, é bom ser professor. Não é
fácil. Mas é bom. Sobretudo quanto a matéria sai da sala e vem pra rua. Ontem
vimos tudo isso ao vivo: luta de classes, aparelhos repressivos do Estado, solidariedade...
Com certeza, agora vai ser mais fácil entender obras como Jubiabá, Quarup,
Vinhas da Ira... E Castro Alves: "A praça é do povo como o céu é do
condor."
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