De Mara Paulina Arruda.
Sertão. Devotos de São João Maria acendem velas e colocam
flores num vaso à frente da imagem para pedir proteção.
Marinalva é uma delas. Mora no extremo oeste e aprendeu
desde cedo que a reza para este santo é tiro e queda. Vende churros nos dias de
semana em frente ao Banco, no centro da pequena cidade. Descendente dos
famigerados do Contestado. Sua avó ainda f
az pequenas costuras e conta de um tempo triste que
participou da luta pela terra. Conta que ainda ouve o barulho de uma sandália
de couro no chão batido na estrada, o tilintar dos facões nos enfrentamentos e
na correria para fugir de emboscadas. Homens viviam com uma faca presa no cinto
da calça. As juntas das mãos grossas do trabalho com a enxada e a coragem que
homens e mulheres tiveram que ter ao enfrentar a morte meses a fio.
Particularmente acho Marinalva uma cabocla muito caprichosa!
Prestimosa, por vezes alegre. Ela é contadora de causos e, quando alguém pede
para que conte as façanhas de seus avôs, não se faz de rogada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário