sábado, 3 de novembro de 2012

Marinalva.


De Mara Paulina Arruda.

Sertão. Devotos de São João Maria acendem velas e colocam flores num vaso à frente da imagem para pedir proteção.
Marinalva é uma delas. Mora no extremo oeste e aprendeu desde cedo que a reza para este santo é tiro e queda. Vende churros nos dias de semana em frente ao Banco, no centro da pequena cidade. Descendente dos famigerados do Contestado. Sua avó ainda f
az pequenas costuras e conta de um tempo triste que participou da luta pela terra. Conta que ainda ouve o barulho de uma sandália de couro no chão batido na estrada, o tilintar dos facões nos enfrentamentos e na correria para fugir de emboscadas. Homens viviam com uma faca presa no cinto da calça. As juntas das mãos grossas do trabalho com a enxada e a coragem que homens e mulheres tiveram que ter ao enfrentar a morte meses a fio.
Particularmente acho Marinalva uma cabocla muito caprichosa! Prestimosa, por vezes alegre. Ela é contadora de causos e, quando alguém pede para que conte as façanhas de seus avôs, não se faz de rogada.

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