De Mara Paulina Arruda
Todo o caminho do portão até a casa era contornado por
pedrinhas pintadas de branco. Sentou-se num galho no alto do pinheiro da
invernada. De lá pode ver Guido. Com a ponte serrada, estava ali, parado,
recebendo o sol, o vento e a chuva. Guido, ora puxava um capim, mastigava,
jogava conversa fora, puxava outro capim fazendo-se lagarto no portão, pensando
que Migué
lhe passou um. O sol foi-se e ele caminhou mais um eito. Não
estava disposto a trabalhar neste dia, estava disposto, isso sim, era tirar
umas férias. Lembrou do Ristorante de Dom Genaro lá na cidade. Pensou. E
resolvido iria mudar os ares. Correu na estrada até cair, ralar os joelhos e,
todo desgualepado, saiu mancando estrada afora, sem nenhuma vivalma pra ajudar.
A única coisa que fez com que ele continuasse, mesmo mancando, foi o rosto de
Manú que vislumbrou na outra ponta da estrada. Ele viu os olhos dela brilhando,
sua boca sorrindo e a mão abanando pra ele. Foi sim. Foi isso o que aconteceu
naquele dia em que o sol depois de um inverno daqueles resolveu dar o ar de sua
graça. Gralha que sou testemunhei essa estória despropositada e tratei de
deixar espalhado por tudo quanto é canto penungem, asas e sementes desta
passagem.
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