Tanto nas célebres obras do escritor Eça de Queiróz como na
recente novela Lado a Lado, da Rede Globo, existem menções sobre as tecedeiras
de anjos, que eram mulheres que sumiam com os bebês assim que nasciam e que,
geralmente, estavam relacionadas à magia negra. Nestas situações elas eram
apelidadas de tecedeiras de anjos, pois reza a lenda que todo o recém-nascido
que desaparece ou é assassinado vira anjo. Porém, pouca gente sabe sobre a
origem destas tecedeiras de anjos, que começou na antiga Grécia. Muitas vezes
quando um imperador ou político importante tinha um filho bastardo, ele pedia
para que uma tecedeira de anjo sumisse com este bebê assim que nascesse.
Mas, foi na Idade Média que a ligação entre as tecedeiras de
anjos e a bruxaria acentuou-se. Naquela época, era comum que as bruxas
realizassem feitiços, principalmente os que prometiam atrair riqueza para
famílias falidas, através de rituais que continham sacrifícios de
recém-nascidos. Então, alguns nobres, quando queriam dar sumiço a algum bebê
logo contratavam as tecedeiras de anjos, que por fim, usavam as crianças em
seus rituais. Leremos abaixo, a lenda mais comum sobre estas bruxas:
Na Europa medieval, havia uma rainha em que o reino estava
indo à falência. Então, no desespero, esta monarca procurou uma feiticeira que
vivia na floreta atrás de uma magia para recuperar a riqueza. A bruxa disse que
poderia realizar o feitiço, mas teria que matar um recém-nascido num ritual e
que ela mesma faria conta de arrumar a criança. Assim, a megera procurou
mulheres em trabalho de parto e nenéns recém-nascidos em diversas vilas da
região, mas não achou nenhum. Até que pelo caminho avistou um acampamento
cigano, onde havia uma cigana grávida de nove meses.
Assim, esta tecedeira de anjo passou a espiar aquele
acampamento todos os dias. Até que notou o choro de uma criança recém-nascida.
A bruxa esperou a noite chegar e percebeu que os ciganos armaram uma grande
festa. Deste jeito, a malvada aproveitou-se da distração das pessoas e roubou o
neném, que estava calçando sapatinhos vermelhos de lã.
No dia seguinte, a tecedeira de anjos e a rainha se reuniram
para o ritual de sacrifício. Desta maneira, a bruxa apontou a faca para o peito
do bebê, que ainda estava calçando sapatinhos vermelhos. Mas, de repente, a
feiticeira teve um ataque cardíaco e caiu dura no chão. Naquele instante, a
rainha escutou trotes de cavalos e saiu correndo. Desta maneira, a mãe da
criança, que estava a cavalo, olhou para o seu filho e para a bruxa caída no
chão e disse:
- Meu filho, ainda bem que você está vivo!
- Aposto que você foi salvo pelo poder dos sapatinhos
vermelhos. Pois, a lenda diz que todo o recém-nascido que calçar um calçado
carmim estará protegido do mal.
Um alerta: apesar desta lenda tão velha, as tecedeiras de
anjos continuam em nossa sociedade em pleno século vinte e um. Há traficantes
especializados em roubar bebês recém-nascidos para serem usados em rituais de
magia negra.
Luciana do Rocio Mallon
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