Um risco vermelho,
Navalha crua na rua,
A cidade se abre rasgada.
Mais um balaço na noite
Mais um tiro no Parolim
e mais outro no São Braz...
Facadas na Água Verde;
porradas no Cajuru; no Sítio Cercado;
estrangulamentos no Portão...
- Rapaz, a cidade ta louca!
- Cresceu e pirou, a Curitiba!
Satanás rebolando faceiro
pela XV, pela Marechal Floriano,
pelo Passeio Público, pela República Argentina,
Praça Osório, Anita Garibaldi, Padre Anchieta,
por tudo que é canto, o lazarento rebola.
- Não dá mais pra sair de casa!
É o que mais se ouve dizerem.
- Que inferno!
Repete - com olho arregalado - toda a gente
assustada.
Anoitece e amanhece e o inferno cresce mais ainda.
A cidade se afunda.
E nós?
Olhamos, tristes e medrosos, sem saber o que? ou
como fazer? alguma coisa.
Na Praça do Homem Nu uns loucos abanam lenços
brancos,
batem tambores e dançam em volta daquela estátua
tentando, pateticamente, expulsar o Diabo das Ruas.
Tentando laçar uma nuvem de paz e ancorá-la sobre a
cidade.
Tentando puxar a orelha das autoridades.
Tentam, ao dançar em grupo, os loucos,
fazer chover a Paz sobre nós, curitibanos.
Enéas Lour
Novembro / 2012
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